sábado, 27 de fevereiro de 2016

Brasil fecha em janeiro 99,6 mil vagas formais, pior resultado em 7 anos


A economia brasileira iniciou o ano de 2016 com fechamento de vagas com carteira assinada. Segundo números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados pelo Ministério do Trabalhonesta sexta-feira (26), em janeiro as demissões superaram as contratações em 99.694 empregos, pior resultado para o mês em sete anos.

Ministério do Trabalho

O maior número de vagas fechadas foi registrado no comércio (69.750). Já entre as regiões, o Sudeste foi a que mais perdeu postos (71.956).

Esse foi o décimo mês seguido com mais fechamento do que abertura de vagas formais no país. O último mês com contratações acima das demissões foi em março do ano passado - quando foram criados 19,2 mil postos de trabalho.
Além disso, o resultado do mês passado foi o pior para meses de janeiro desde 2009, ou seja, em sete anos. Em janeiro do ano passado, foram fechadas 81,7 mil vagas formais.
Em 2015, a economia brasileira registrou a demissão de 1,54 milhão de trabalhadores no que foi o pior resultado para um ano fechado em 24 anos. Quando divulgou este resultado, o ministro do Trabalho e da Previdência, Miguel Rossetto, admitiu que o ano foi "difícil".

Economia em recessão

O fechamento de vagas acontece em meio à forte queda do nível de atividade, com a economia em recessão. Para este ano, a estimativa do mercado financeiro é de uma queda de 3,3% no Produto Interno Bruto (PIB), após uma retração estimada em 3,8% para 2015 - a maior em 25 anos.
Ao mesmo tempo, a inflação em alta, com o IPCA somando 10,71% em doze meses até janeiro, o maior patamar desde novembro de 2003, diminui a renda dos trabalhadores. E as famílias continuam endividadas, o que tem gerado aumento da inadimplência.

Resultado em 12 meses

Em doze meses até janeiro, os números oficiais, com os valores dos meses anteriores ajustados para declarações enviadas fora do prazo, mostram o fechamento de 1,59 milhão de vagas com carteira assinada no período.
Para Rodolfo Torelly, especialista no mercado de trabalho, o resultado de janeiro, e na parcial de doze meses, é "bastante ruim".

"Todos os indicadores da economia são negativos. Além da recessão, há perda de renda e queda no consumo das famílias. Não tem como não ter um pessimismo no ar da economia como um todo. Realmente, no curto prazo não estou vendo melhora", declarou.

Para ele, os dados de janeiro indicam que as demissões podem superar a marca de 2 milhões em 2016 - o que, se confirmado, será o pior ano da história.

Setores

O comércio liderou o fechamento de vagas formais em janeiro deste ano, com as demissões superando as contratações em 69.750 postos com carteira assinada.
O setor de serviços, por sua vez, eliminou 17.159 vagas no primeiro mês deste ano, segundo o Ministério do Trabalho. A indústria de transformação fechou 16.553. Já a construção civil fechou 2.588.

Empregos com carteira assinada

O setor de agricultura foi o único que contratou mais do que demitiu em janeiro. De acordo com o ministério, foram criados 8.729 novos postos de trabalho.
O diretor do Departamento de Emprego e Salário da Secretaria de Políticas Públicas de Emprego do Ministério do Trabalho e da Previdência, Márcio Borges, admitiu que o comportamento do emprego formal, em janeiro, foi "negativo". Ele acrescentou, porém, que na desagregação do resultado, 7 dos 25 subsetores da economia tiveram contratações.
Entre eles, estão a indústria de borracha, de material mobiliário, de calçados e as instituições financeiras. Além disso, observou que o estoque total de empregos formais ficou em 39,5 milhões em janeiro. No mesmo mês de 2015, esse estoque estava em 41,18 milhões.

Regiões do país

Segundo o Ministério do Trabalho, houve o registro de demissões em três das cinco regiões do país em janeiro deste ano.
No Sudeste, foram fechadas 71.956 vagas formais em janeiro deste ano. Já a região Nordeste fechou 32.011 postos formais, enquanto que a região Nordeste registrou 33.411 demissões no mês passado.
A região Norte registrou o fechamento de 11.496 postos formais em janeiro deste ano, segundo os números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados.
Na contramão, a região Sul abriu 15.548 postos formais em janeiro, ao mesmo tempo em que o Centro-Oeste registrou a contratação de 1.621 trabalhadores com carteira assinada no primeiro mês de 2016.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Desemprego de jovens de 18 a 24 anos fica em 18% em janeiro

Rio - A taxa de desemprego entre os jovens cresceu num ritmo mais intenso do que o registrado entre as demais faixas etárias, segundo os dados da Pesquisa Mensal de Emprego divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A taxa de desocupação da população de 18 a 24 anos alcançou 18,9% em janeiro, ante 16,5% em dezembro. No primeiro mês do ano passado, a taxa de desemprego nessa faixa etária era de 12,9%.
"Há uma tendência de crescimento (na taxa de desocupação) para todas as faixas etárias, sendo que para o grupo de 18 a 24 anos a intensidade é muito maior", reconheceu Adriana Beringuy, técnica da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE.
Adriana lembrou que, majoritariamente, o contingente mais expressivo de ocupados no mercado de trabalho está na faixa etária que vai dos 25 aos 49 anos. Nesse grupo, a taxa de desocupação ficou em 6,5% em janeiro, ante 6,1% em dezembro. Apesar da alta em ritmo menor, no primeiro mês de 2015 essa taxa estava em 4,3%.
No grupo de 50 anos ou mais, a taxa de desemprego foi de 3,2% em janeiro, ante 3% em dezembro. Em janeiro do ano passado, a taxa de desemprego nessa faixa de idade era de 2,2%.
Comércio
O comércio registrou aumento de 100 mil trabalhadores na passagem de dezembro para janeiro, contrariando um movimento sazonal de dispensa de empregados temporários nessa época do ano. A atividade registrou aumento de 2,3% no total de ocupados.
Com isso, não é possível dizer que a taxa de desemprego tenha aumentado em janeiro ante dezembro por causa da demissão de trabalhadores temporários.
A taxa de desocupação nas seis principais regiões metropolitanas do País cresceu de 6,9% no último mês de 2015 para 7,6% no primeiro mês de 2016. "Não parece ser (dispensa de trabalhador) temporário", afirmou Adriana .
A pesquisadora acrescentou que o comércio é o único setor a reter trabalhadores. A dispensa generalizada de empregados ocorrida nas demais atividades em janeiro pode estar por trás do fenômeno. Pessoas que perderam o emprego estariam se inserindo no comércio para garantir o próprio sustento.
"Em meses de janeiro, o comércio sempre dispensa, mesmo que seja um pouquinho. Esse crescimento (no total de ocupados) nunca aconteceu", destacou Adriana.
Das 100 mil pessoas a mais trabalhando no comércio em janeiro, 79 mil estão na região metropolitana de São Paulo. "Esse comércio que está se expandindo em São Paulo, não tenho como desagregar para saber o que é. Mas um cruzamento possível que já observei é que o comércio por conta própria que está crescendo na região", ressaltou a pesquisadora. "Pode ser tanto o comércio registrado quanto o comércio ambulante. Não é com carteira nem sem carteira assinada", completou.
São Paulo
A taxa de desemprego na região metropolitana de São Paulo cresceu de 7% em dezembro para 8,1% em janeiro, segundo os dados da Pesquisa Mensal de Emprego. Em janeiro de 2015, a taxa de desocupação na região era de 5,7%.
Em relação ao mês anterior, o mercado de trabalho local perdeu 48 mil vagas e ganhou 120 mil pessoas a mais na fila do desemprego. Em relação a janeiro de 2015, foram dispensados 191 mil trabalhadores e 260 mil pessoas a mais estão buscando uma vaga.
Entre as atividades, todas dispensaram funcionários na passagem de dezembro para janeiro, com exceção do comércio, que aumentou em 79 mil o total de ocupados.
Em relação a janeiro do ano passado, a indústria demitiu 80 mil pessoas, e os outros serviços - que incluem transporte, armazenagem, alojamento, alimentação e serviços pessoais - cortaram 72 mil vagas.