sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Pressionado, Lupi suspende convênios

BRASÍLIA - Pressionado pela Comissão de Ética Pública e orientado pelo Palácio do Planalto, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, suspendeu ontem os convênios bancados por sua pasta e se defendeu das acusações de favorecer entidades relacionadas ao seu partido, o PDT, na realização de convênios para qualificação e treinamento de trabalhadores. "Julgo ser vítima de perseguição política e de uma campanha de difamação", disse Lupi.

Numa tentativa de mostrar força e apoio, a entrevista foi montada com a presença de uma claque de parlamentares do PDT e sindicalistas. Alvo de denúncias há semanas, somente ontem o ministro anunciou que, a partir da semana que vem, a página do Ministério do Trabalho na internet vai publicar a relação dos convênios, as entidades, os valores e as datas, no que chamou de "portal da transparência".

Também foi criado um grupo de trabalho, formado por técnicos da pasta, para fiscalizar in loco as entidades selecionadas para montar cursos de qualificação de jovens e adultos, no âmbito do Programa Nacional de Primeiro Emprego.

Para tentar rebater as acusações de que, desde que assumiu a pasta, em abril, teria privilegiado solicitações de verbas para prefeituras ou entidades ligadas ao PDT, o Ministério do Trabalho relacionou um total de R$ 430 milhões em convênios assinados ou renovados ao longo de 2007 e até fevereiro de 2008 e o distribuiu por partidos, considerando o governo de cada estado ou município beneficiado.

Segundo a lista, ao PDT foram destinados R$ 14,4 milhões. Para o PT, foram R$ 96,3 milhões. Os partidos de oposição ao governo também foram destacados. Para o DEM, aparecem R$ 54,1 milhões e, para o PSDB, R$ 102,4 milhões. "Eu não veto nem discrimino ninguém, até porque a norma técnica impede o direcionamento por partido", afirmou Lupi.

Ele informou que foram cancelados três convênios nos últimos dias e dois deles, em Pernambuco (Grupo Mulher Maravilha) e São Paulo (Associação Assistência São Vicente de Paulo), por razões técnicas como falta de documentos e contrapartidas. Os recursos públicos antecipados foram bloqueados.

Lupi foi aplaudido pela platéia de deputados e sindicalistas quando atribuiu as denúncias ao fato de estar incomodando, por exemplo, "alguns setores do empresariado" com as propostas e ações do seu ministério que beneficiam os trabalhadores.

Comissão de Ética

Lupi reafirmou que não pretende deixar o governo nem a presidência do PDT, desafiando o parecer da Comissão de Ética que considera que isso fere a ética e recomendou a sua demissão ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Lupi disse que levará pessoalmente as explicações sobre os convênios ao novo presidente da Comissão de Ética, Sepúlveda Pertence, e que ainda não conversou sobre o assunto com Lula.

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